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Acordos de Oslo: O Fracasso da Paz no Oriente Médio

Em 13 de setembro de 1993, os Acordos de Paz de Oslo prometeram o fim do conflito Israelense-Palestino.

Em 13 de setembro de 1993, uma imagem percorreu o mundo, gerando uma onda de esperança que parecia, finalmente, capaz de acalmar um dos conflitos mais antigos e dolorosos da história moderna.

No gramado da Casa Branca, em Washington, o primeiro-ministro israelense Yitzhak Rabin e o líder palestino Yasser Arafat apertavam as mãos, sob o olhar atento do presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton.

O momento simbolizava a assinatura da “Declaração de Princípios sobre os Acordos de Auto governança Interina”, mais conhecida como Acordos de Oslo.

Este evento, ocorrido há mais de 30 anos, não foi somente uma efeméride. Foi o ponto culminante de negociações secretas, a promessa de uma solução de “dois Estados” e a base para um processo de paz que, infelizmente, se desfez.

A história dos Acordos de Oslo é uma lição complexa sobre a fragilidade da paz e a persistência de divisões políticas e sociais.

O Palco do Conflito: Uma História de Território e Identidade

Para entender a relevância de Oslo, é fundamental revisitar o contexto de décadas de tensão. As raízes do conflito Israel-palestino remontam ao final do século XIX, com a migração de colonos judeus para a região da Palestina.

Após a criação do Estado de Israel em 1948, rejeitada pelos palestinos e países árabes, múltiplas guerras se seguiram, intensificando a disputa por território.

A busca por uma convivência pacífica, ou por uma solução de dois Estados, se tornou o grande desafio diplomático do final do século XX.

A Diplomacia Secreta e o Início da Esperança

As negociações que deram origem aos acordos foram iniciadas em segredo, em Oslo, na Noruega, a partir de 1993.

Os principais arquitetos da diplomacia silenciosa foram Yitzhak Rabin e Shimon Peres, por parte de Israel, e Yasser Arafat, representando a Organização para a Libertação da Palestina (OLP).

A OLP, pela primeira vez, reconheceu o direito de Israel existir, enquanto Israel, por sua vez, reconheceu a OLP como a legítima representante do povo palestino.

Este reconhecimento mútuo foi o principal marco do acordo, condenando a violência como método de negociação. A ousadia diplomática rendeu a Rabin, Arafat e Peres o Prêmio Nobel da Paz em 1994.

O Que Foi Acordado (e o Que Não Foi)

Os acordos, formalmente assinados na Casa Branca, estabeleceram uma série de compromissos:

  • Autogoverno Interino: Foi criada a Autoridade Nacional Palestina (ANP) para gerir a vida civil nos territórios palestinos. A ANP teria um período de autogoverno de cinco anos, com a expectativa de que um acordo final seria negociado nesse meio tempo.
  • Retirada Militar: O documento previa a retirada gradual das forças militares israelenses de partes da Faixa de Gaza e Cisjordânia.
  • Divisão de Território: A Cisjordânia foi segmentada em três áreas:
  • Área A: Sob controle civil e de segurança total da Autoridade Palestina.
  • Área B: Controle civil palestino e controle militar israelense.
  • Área C: Controle total (civil e militar) de Israel.

No entanto, questões cruciais e profundamente sensíveis foram deixadas para “negociações futuras”, o que se tornou a maior fraqueza do acordo.

O status de Jerusalém, o direito de retorno dos refugiados palestinos, a questão dos assentamentos israelenses e as fronteiras definitivas não foram abordados, permitindo que a ocupação se mantivesse e se expandisse.

A Deterioração e o Fracasso dos Acordos

A promessa de Oslo começou a se desmantelar rapidamente, e hoje, a maioria dos especialistas o vê como um processo fracassado. Vários fatores contribuíram para a sua derrocada:

  • O Assassínio de Yitzhak Rabin: Em 1995, o primeiro-ministro Rabin foi assassinado por um extremista judeu que se opunha aos acordos, o que foi considerado um “duro golpe para o processo de paz”.
  • Ascensão de Opositores: A morte de Rabin abriu caminho para a eleição de Benjamin Netanyahu em 1996, líder do partido Likud (de direita), que era veementemente contrário aos acordos de paz. Sua vitória foi vista como o “enterro” das negociações.
  • Expansão dos Assentamentos: A continuação da expansão dos assentamentos israelenses na Cisjordânia, sob controle total de Israel na Área C, minou a possibilidade de um Estado palestino soberano. A política de Israel “impossibilitou a criação ou o reconhecimento de um Estado palestino soberano”.
  • Assimetria de Poder e a Segunda Intifada: Críticos apontam que o próprio acordo era “vago e amplo” e refletia o desequilíbrio de poder entre as duas partes, o que beneficiou Israel. O fracasso do processo de paz contribuiu diretamente para a eclosão da Segunda Intifada em 2000, um levante que escalou a violência na região e colocou em xeque a autoridade da OLP.

O Legado Amargo e as Lições da História

Os Acordos de Oslo, por mais que tenham sido a mais promissora tentativa de paz, não entregaram o que se esperava.

Eles demonstraram que a paz não pode ser construída somente com apertos de mão e promessas, mas exige o enfrentamento de questões complexas e a vontade política de ambos os lados para fazer concessões.

O legado de Oslo é um lembrete do quão difícil é alcançar uma solução justa e duradoura para um conflito enraizado em décadas de história e dor.

Ainda assim, o acordo serve como um estudo de caso fundamental na diplomacia do Oriente Médio, mostrando que a paz, mesmo quando parece impossível, é um objetivo que vale a pena ser perseguido.

O fracasso de Oslo não invalida a necessidade de buscar uma solução, mas reforça a urgência de uma abordagem mais equitativa e completa, que não deixe as questões mais sensíveis de lado.

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